segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Nos últimos 20 anos, houve uma grande revolução na compreensão da inteligência dos animais

Cientistas dizem que alguns animais planejam o futuro

Macacos fazem contas de cabeça, pombos são capazes de entender quando uma imagem não faz parte de um conjunto. Seres humanos podem não ser os únicos animais que planejam para o futuro, dizem pesquisadores que apresentaram seus estudos mais recentes sobre a capacidade mental dos animais. Corvos reconhecem a própria imagem no espelho, diz estudo Macacos também sabem fazer contas de cabeça,
"Eu diria que nós humanos deveríamos manter nossos egos sob controle", disse Edward A. Wasserman, da Universidade de Iowa, na reunião anual da Associação Americana para o progresso da Ciência (AAAS).   
Wasserman, um pesquisador de psicologia experimental, disse que, como as pessoas, pombos e babuínos são capazes de identificar quais figuras são similares, como triângulos e pontos, e quais são diferentes. Esta é a definição de conceito, disse ele, "e os animais passaram com louvor".   Ele falou em um simpósio sobre Esperteza Animal, onde pesquisadores discutiram as últimas descobertas sobre as capacidades mentais dos animais.   Nos últimos 20 anos, houve uma grande revolução na compreensão dos animais, acrescentou Nicola S. Clayton, professora de cognição comparativa da Universidade de Cambridge, na Inglaterra. Animais não só usam ferramentas, como ainda guardam-nas para usar no futuro, acrescentou.  "Planejar para o futuro já foi visto como algo único dos humanos", disse ela. "Agora sabemos que não é verdade".  Por exemplo, disse ela, corvos já foram vistos guardando comida para o dia seguinte e, até mesmo, descobrindo meios de impedir que a reserva fosse roubada.   

Falando sobre a inteligência dos corvos, Alex Kacelnik, professor de ecologia comportamental da Universidade de Oxford, destacou "o mestre no uso de ferramentas do mundo das aves", o corvo da Nova Caledônia.   Esses pássaros não só já foram vistos usando ferramentas, como fabricando seus instrumentos, torcendo e dobrando pedaços de fio para retira comida de locais inacessíveis.
Jessica Cantlon, da Universidade Duke, chamou atenção para o fato de que o "senso de número" aparece na evolução compartilhada de muitas espécies de primatas. Por  exemplo, crianças humanas são capazes de, depois de ver o mesmo número de objetos aparecer em diferentes configurações, notar quando o número muda. Macacos fazem o mesmo.   Além disso, universitários e macacos parecem ter o mesmo nível de capacidade de estimar a soma total de dois conjuntos, sem contá-los elemento a elemento. Cientistas agora estudam se macacos são capazes de apreender o conceito de zero.

Fonte: Estadão

sábado, 27 de agosto de 2011

Vamos aproveitar o domingo pra nos informar

Direitos dos Animais

Primeira parte


Segunda parte

Mijadinha de Felicidade

Texto de Rubem Alves, 71,

(ed.Vênus, 163 págs.)
Extraído da Revista da Folha de 17 de abril de 2005

Meu nome é Lola. É assim que me chamam. Quando gritam o meu nome, sei que me querem perto deles. Psicologicamente, posso ser definida como um animal incapaz de mentir ou fingir. Minha alma mora na minha pele. Quando estou alegre, meu rabo abana por conta própria, independentemente da minha vontade. Quando a alegria é demais, dou umas mijadinhas. Quando estou triste, meu rabo e minha cabeça abaixam. Quando estou com sono, me esparramo no chão, do rabo ao focinho. Tudo se dependura: pele, orelha, testa olhos.
Meu dono gosta de mim, embora fique bravo quando eu pulo para abraçá-lo e lhe dar uma lambida. O que é verdade para mim não é verdade para o meu dono. A alma dele não mora na pele. Ele mente. Ele finge. Nunca o vi dar uma mijadinha de felicidade. Talvez ele não seja suficientemente feliz para isso.
Às vezes estou deitada do jeito como descrevi e ele está assentado numa cadeira. Ele olha para mim de um jeito diferente. Não é alegria. Não é tranqüilidade. Acho que é inveja. Ele gostaria de ser como eu sou, mas não tem coragem... Está morrendo de vontade de se esparramar também no chão frio, como eu. Mas não o faz. Fico a pensar: o que o impede?
Acho que é vergonha. Os homens têm vergonha uns dos outros. Sou feliz porque não tenho vergonha e faço o que quero. Talvez essa seja a razão por que os homens gostam de ter «pets»: porque nos «pets» eles projetam uma felicidade que eles mesmos não têm. Diga-me o «pet» que você tem e eu saberei como é a sua alma. Os «pets» têm uma função terapêutica. Bem, eu sou uma cadela, e tudo o que disse foi de brincadeirinha. Porque eu mesma, na realidade, me contento em ser feliz. Não gasto tempo pensando essas coisas...

Isso não pode mais acontecer...

Uma mãe ursa escapa da jaula ao ouvir os gritos do seu filho que estava sendo submetido à perfuração do abdomen (em uma usina de bilis na China) e, depois de matá-lo, se suicida jogando-se violentamente contra a parede. 

Fonte: FalaBicho


sexta-feira, 26 de agosto de 2011

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Lindo vídeo dos nossos amigos do "Ame um Bicho"


Vivissecção

“A moral de alguns cientistas é do nível de jardim da infância”, diz especialista em direitos dos animais.
Steven Wise quer estender direitos fundamentais exclusivos aos seres humanos a alguns animais, impedindo que eles sejam usados em pesquisas científicas.

por Marco Túlio Pires

Para o advogado e especialista americano em direito dos animais Steven Wise, alguns animais deveriam ser elevados ao “status de pessoa”. Wise investigou sete espécies — chimpanzés, orangotangos, gorilas, papagaios africanos, elefantes, cães e golfinhos — e concluiu que, assim como os seres humanos, todas deveriam ter direitos legais que protegessem sua integridade e liberdade física. O especialista já escreveu quatro livros discutindo o cativeiro, a inteligência animal e por que alguns bichos não deveriam ser usados em pesquisas científicas.

Wise dá aulas sobre direitos dos animais em quatro faculdades nos Estados Unidos, incluindo Harvard. Também é bacharel em química e diretor do Non-Humans Rights Project (Projeto pelos Direitos dos Não-Humanos), organização que reúne cerca de 40 pesquisadores nos Estados Unidos. Eles estão prestes a entrar na Justiça para tentar convencer o Superior Tribunal de Justiça da Flórida de que chimpanzés ou golfinhos têm condições de receber direitos fundamentais que ainda são exclusivos de nossa espécie.

“Faz apenas 60 anos desde que os seres humanos decidiram que não fariam testes em outros seres humanos sem o consentimento deles. E cerca de um século e meio desde que humanos, neste país, deixaram de escravizar outros humanos. Será que essas coisas que costumávamos fazer uns aos outros, que só agora admitimos que eram grotescamente imorais, podem ser repetidas em outros seres?” —Steven Wise

Veja parte da entrevista de Wise:

Muitos cientistas dizem que é praticamente impossível conduzir pesquisas biomédicas sem animais. O que o senhor pensa a respeito?Algumas pessoas que pertencem ao movimento pelo direito dos animais são contra a ciência. Eu não sou contra a ciência. Essa é uma questão que também tem a ver com a filosofia e o direito e por isso é complicado generalizar. Quando vamos lidar com uma preocupação científica, temos que considerar o sistema que queremos proteger. Então, se a intenção é desenvolver drogas que não vão fazer mal aos seres humanos, precisamos entender o sistema humano e qual tipo de sistema biológico trará resultados válidos. Se utilizamos animais não-humanos, no fim das contas, teremos, pelo menos, dois sistemas biológicos que precisaremos entender muito bem. Então, é muito difícil dizer “não é possível conduzir esse tipo de pesquisa com ou sem animais”. As pesquisas não estão necessariamente limitadas aos sistemas biológicos. Existem culturas de células e modelagem computacional e matemática. Não quero fingir ser um especialista em nenhuma dessas áreas, mas as tenho acompanhado nos últimos 30 anos. Elas existem e estão melhorando. Outro fato importante é que, na minha experiência, defensores dos direitos dos animais tendem a conhecer muito pouco sobre ciência. Por outro lado, os cientistas tendem a conhecer quase nada de ética e de direito. Eles entendem muito pouco daquilo que não é ciência. Se precisamos de um sistema biológico para desenvolver pesquisa e proteger os seres humanos, qual é o melhor sistema? A resposta é, obviamente, a mesma espécie que queremos proteger. Então, a melhor espécie para entendermos a saúde humana é o próprio ser humano. Creio que nenhum cientista discordará disso.


Veja a entrevista completa aqui
Veja também o infográfico: A história dos direitos dos animais

Temos este direito?

A fronteira tênue entre ciência e crueldade na rotina dos laboratórios esquenta no mundo todo o debate sobre a vivisecção.
por Rodrigo Vergara

Os alunos que ingressaram este ano no curso de medicina da Universidade de São Paulo (USP) verão menos sangue que seus veteranos durante a estada na faculdade. Pela primeira vez, a universidade vai abolir o sacrifício de cães em aulas sobre “o efeito de drogas na função cardiorrespiratória”. Nessa disciplina, os estudantes testemunham os efeitos de várias substâncias sobre os batimentos cardíacos e a freqüência respiratória. Agora, em vez de verem essas reações no tórax aberto de um animal anestesiado, que depois será morto, os alunos aprenderão com uma simulação em computador. Mudança semelhante ocorreu há um ano nas aulas de técnica cirúrgica na USP. Em vez de treinar sutura em coelhos, que depois eram sacrificados, os alunos passaram a “costurar” cães e gatos mortos naturalmente. As duas mudanças, ao que tudo indica, são definitivas.
Elas fazem parte de um movimento mundial de combate ao uso de animais em laboratórios, não só no ensino, mas também na pesquisa biomédica e para testar artigos de limpeza e cosméticos.
...
O principal argumento antivivissecção, que prega sua absoluta inutilidade, está expresso nas palavras do médico inglês Robert Sharpe, autor de Science on Trial (Ciência em julgamento, inédito no Brasil): “Homens e animais têm organismos e reações bioquímicas diferentes. Se um estudo com hamsters achar a cura do câncer, ela servirá só para curar o câncer em hamsters”. O efeito carcinogênico do cigarro é um caso clássico. Embora amplamente atestada por estudos epidemiológicos, a ligação entre câncer e tabaco seguiu sob suspeita por vários anos porque a doença não pôde ser reproduzida em animais. Por muito tempo, a indústria tabagista aproveitou o fato para negar o teor tóxico do seu produto.
“O uso de animais em laboratório é um recurso retórico. Usando diferentes espécies em projetos diferentes, os pesquisadores podem encontrar evidências que sustentam qualquer teoria”, diz Neal Barnard, presidente do Comitê Médico por uma Medicina Responsável, dos Estados Unidos. “No caso do cigarro, tanto as provas de que o tabaco é cancerígeno quanto as que asseguram sua inocência usaram animais como base.”
A crítica à suposta inutilidade dos testes em animais se estende às pesquisas de novas drogas. Apesar do enorme número de cobaias sacrificadas para testar a eficácia e os efeitos colaterais de novas substâncias, 95% dos fármacos aprovados em animais acabam descartados nos testes em voluntários humanos e não chegam ao mercado. Uma revisão realizada pelo governo americano nas drogas lançadas entre 1976 e 1985 revelou que 51,5% delas ofereciam riscos não previstos nos testes.
Vale também o raciocínio inverso: ao testar substâncias em animais, os cientistas poderiam descartar drogas promissoras para humanos só porque elas causaram mal a ratos ou porcos. A aspirina, por exemplo, causa deformidades nas crias de roedores, cães, gatos e macacos, embora para nós seja segura. Já a penicilina é fatal para o porquinho-da-índia.
...
Estudos realizados na Europa e nos Estados Unidos indicam que 90% dos fatores que determinariam a longevidade de uma pessoa devem-se ao estilo de vida, ao meio ambiente e à hereditariedade. Só 10% dependeriam da assistência médica (leia mais sobre isso em “A medicina doente”, capa da edição de maio da SUPER). Mas órgãos do governo americano que financiam pesquisas gastam em estudos com animais – ou seja, voltadas para o modelo biomédico – o dobro do que despendem em pesquisas em humanos.
Nessa guerra de argumentos, os antivivisseccionistas marcaram pontos importantes. Com publicidade agressiva, divulgaram imagens dos bichos estripados e atingiram a comunidade científica. Pesquisa realizada nos Estados Unidos por Scott Plous, da Wesleyan University, Connecticut, revelou que psicólogos graduados nos anos 90 têm metade da disposição em apoiar pesquisa com animais do que os titulados nos anos 70. Empresas com nomes associados à crueldade aboliram o teste de animais, temendo boicote dos consumidores. Muitas delas, após porem fim ao uso de cobaias, aproveitaram o fato como arma de marketing e adotaram um selo em seus produtos indicando que aboliram a vivissecção.

A mudança no mundo da ciência e das empresas acabou forjando um novo modelo para testes, hoje prevalente, que reconhece o sofrimento dos animais e se propõe a substituí-los por técnicas alternativas. Mas há ressalvas. Nos casos em que o bicho for considerado imprescindível, o máximo de alinhamento ético por parte dos cientistas é reduzir ao mínimo possível o sofrimento e a quantidade de cobaias. Na esteira do novo modelo experimental, os métodos alternativos multiplicaram-se. Há hoje desde pele artificial a simulações de computador (leia quadro com exemplos nesta página). As ONGs que defendem o direito dos animais à vida sustentam que esses métodos podem substituir rigorosamente todos os testes com bichos.

A vitória dos ativistas, curiosamente, acabou resultando em ganhos de precisão e eficácia para a ciência. A redução do estresse e a padronização das condições do cativeiro reduziram o número de mortes de cobaias. E pesquisas recentes revelaram que barulho, manuseio, higiene e superlotação nos biotérios influenciam diretamente os resultados. “As cobras do Butantã passaram a produzir sete vezes mais veneno e a viver oito anos, em vez de um, depois que a coleta de veneno passou a ser feita com as serpentes anestesiadas”, diz Roberto Sogayar, do Instituto de Biociências da Unesp, em Botucatu, e ex-presidente da Comissão de Ética e Legislação do Colégio Brasileiro de Experimentação Animal.
Muitos pesquisadores discordam frontalmente. “Os testes in vitro são úteis, mas continuam pobres perto da acurácia que há nos testes em organismos vivos”, diz a professora Zuleica Bruno Fortes, do Departamento de Farmacologia do Instituto de Ciências Biomédicas da USP. “Além disso, certas substâncias só podem ser estudadas em um organismo vivo. Quando o animal morre, elas desaparecem. São procedimentos para os quais a vivissecção é imprescindível.” Sheila Moura, da Sociedade Fala Bicho, acredita que essa resistência esconde um dogma. “Muitos cientistas reconhecem que existem substitutos para os animais, mas ainda assim usam as cobaias por medo de que seu estudo seja questionado por não usar o método tradicional. Essa mentalidade precisa mudar.”
O segundo grande argumento antivivissecção é que não interessa se o uso de animais ajuda ou não a ciência: nós simplesmente não temos o direito de sacrificá-los. “A questão é moral. Se há um dilema em usar animais, então temos de buscar alternativas. Mas, se os usamos sob o argumento de que não há alternativas, então nunca vamos encontrá-las”, diz Rita Leal Paixão, professora do Departamento de Fisiologia e Farmacologia da Universidade Federal Fluminense, pesquisadora de ética aplicada e bioética da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz. Alguns exemplos corroboram suas palavras. Na Inglaterra, a proibição de usar animais para praticar microcirurgia levou à adoção de técnicas que usam placenta humana. Para o filósofo australiano Peter Singer, autor de Animal Liberation (Liberação dos animais, inédito no Brasil), um clássico sobre o assunto, há, sim, um problema ético em usar qualquer ser capaz de sentir dor.
A classificação dos seres em humanos e não-humanos, para Singer, configura “especismo”, uma discriminação que equivaleria ao racismo. “Há animais cujas vidas, por quaisquer critérios, são mais valiosos que as vidas de alguns seres humanos. Um chimpanzé ou um porco tem um grau mais alto de autoconsciência e uma maior capacidade de relações significativas do que uma criança com uma doença mental séria”, diz Singer. Ou seja: quem admite cortar um macaco em nome da ciência teria que admitir também cortar uma criança com paralisia cerebral, por exemplo. “Um dia, a experimentação animal será considerada tão absurda como hoje nos é a idéia do holocausto, da escravidão, da inquisição”, diz Sheila Moura, da Sociedade Fala Bicho. É ver para crer.

rvergara@abril.com.br


Para saber mais
Na livraria:
The Scalpel and the Butterfly, Deborah Rudacille, FSG, 2000
Animal Liberation, Peter Singer, Avon Books, 1999
A Verdadeira Face da Experimentação Animal, Sergio Greif e Thales Tréz, Sociedade Fala Bicho, 2000

Fonte: SuperInteressante

Alunos em destaque: pelo direito a um ensino sem vivissecção

Atual assessora de juiz de Direito, Sheila Lackman formou-se em 2008 pela Fundação Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e fez sua Pós-Graduação na FMP em Direito Penal e Processual Penal no ano de 2009 – entregando seu artigo de conclusão em janeiro de 2010. É graças a ele que ela ganha espaço neste blog, já que seu trabalho, Objeção de consciência: o direito dos estudantes ao ensino sem vivissecção (que pode ser conferido na íntegra abaixo), foi elogiado e destacado pelo professor Bruno Heringer Júnior, coordenador do curso.

Orientada por Annelise Steigleder, a ex-aluna analisou a objeção de consciência dos estudantes que se recusam a participar de aulas em que animais vivos são utilizados para fins didáticos. De acordo com ela, a relutância das instituições de ensino em adotar outros métodos de ensino suscitam questionamentos. Ainda para a profissional, a escolha do tema foi motivada não apenas por sua identificação com a luta pelo Direito dos Animais, mas também pelo anseio de estudar e compreender os argumentos sustentados no debate sobre a possibilidade de acusação da objeção de consciência em face das práticas vivisseccionistas no ensino. Aos que desconhecem o termo, a vivissecção é o ato de dissecar um animal vivo com o propósito de realizar estudos de natureza fisiológica, trata-se de uma intervenção invasiva num organismo vivo, com motivações científicas ou pedagógicas. Passamos a palavra a ela:

“A negação do direito à liberdade de convicção e crença dos estudantes objetores fomenta a reflexão sobre os obstáculos que ainda precisam ser transpostos para a consecução plena dos direitos fundamentais. O entendimento de que a educação é um mecanismo de transformação do indivíduo e da sociedade faz com que o respeito pela liberdade de consciência dos alunos antivivisseccionistas assuma enorme relevância na difusão de novos conceitos e na valorização da diversidade de pensamento”.

Fonte: FMP

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Trecho do livro Jaulas Vazias, de Tom Regan


DEFENSORES DOS DIREITOS ANIMAIS: AFINAL, QUEM SÃO VOCÊS?
Os animais têm direitos? Diversas pessoas dão diversas respostas. Às vezes as pessoas dão respostas diferentes por causa de uma discordância a respeito dos fatos. Por exemplo: uns acreditam que gatos e cães, galinhas e porcos não sentem nada; outros acreditam que sentem. Às vezes, diferentes respostas são dadas por causa de uma discordância a respeito de valores. Por exemplo: uns acreditam que os animais não têm valor nenhum, a não ser enquanto interesse dos humanos; outros acreditam no oposto. Divergências dos dois tipos são certamente importantes e serão exploradas adiante. Mas, mesmo sendo importantes, elas não tocam numa fonte mais básica de divisão de opiniões, que está relacionada exatamente à idéia dos direitos animais. Algumas pessoas acham essa idéia a mesma coisa que "ser bondoso com os animais". Já que devemos ser bons com os animais, a inferência é óbvia: os animais têm direitos. Ou então elas pensam que direitos animais significam "evitar crueldade". Já que não devemos ser cruéis com os animais, a mesma conclusão procede: os animais têm direitos. Diante desses dois modos de entender os direitos animais, fica difícil explicar porque são tão polêmicos, com seus defensores de um lado, e opositores, de outro.
Essa controvérsia inflamada, muitas vezes ácida, que incita defensores contra opositores, nos informa que esses modos familiares de pensar (devemos ser bons para os animais; não devemos ser cruéis com eles) não conseguem captar o verdadeiro significado dos direitos animais. Acontece que o verdadeiro significado é, como veremos, ao mesmo tempo simples e profundo.
Os direitos dos animais é uma idéia simples porque, no nível mais básico, significa apenas que os animais têm o direito de serem tratados com respeito. E é uma idéia profunda porque suas implicações têm amplas conseqüências. Quão amplas? Eis alguns exemplos de como o mundo vai ter de mudar, uma vez que aprendamos a tratar os animais com respeito.
Vamos ter de parar de criá-los por causa de sua carne.
Vamos ter de parar de matá-los por causa de sua pele.
Vamos ter de parar de treiná-los para que nos divirtam.
Vamos ter de parar de usá-los em pesquisas científicas.

Cada exemplo ilustra a mesma lógica moral. Quando se trata de como os humanos exploram os animais, o reconhecimento de seus direitos requer abolição, não reforma. Ser bondoso com os animais não é suficiente. Evitar a crueldade não é suficiente. Independentemente de os explorarmos para nossa alimentação, abrigo, diversão ou aprendizado, a verdade do direito dos animais requer jaulas vazias, e não jaulas mais espaçosas."

A INVERDADE DOS RÓTULOS
Os opositores acham que direitos animais é uma idéia radical ou extrema, é não raramente rotulam os defensores dos direitos animais de "extremistas". É importante entender de que forma esse rótulo é usado como instrumento retórico para evitar a discussão informada e justa; do contrário, aumentam as chances de não termos uma discussão com esses atributos.

"Extremistas" e "extremismo" são palavras ambíguas. Em um sentido, extremistas são pessoas que fazem qualquer coisa para atingir seus objetivos. Os terroristas que destruíram as torres gêmeas do World Trade Center eram extremistas nesse sentido; estavam determinados a fazer de tudo para conquistarem seus fins, mesmo que isso significasse matar milhares de seres humanos inocentes.
Os defensores dos direitos animais (DDAs) não são extremistas nesse sentido. Vou repetir: os DDAs não são extremistas nesse sentido. Mesmo os mais combativos defensores dos direitos animais (os membros da Frente pela Libertação Animal, digamos) acreditam que haja limites morais absolutos para o que pode ser feito em nome da libertação animal: certos atos nunca devem ser cometidos, de tão ruins que são. Por exemplo, a Frente se opõe a ferir ou matar seres humanos.
Em outro sentido, a palavra extremista se refere à natureza incondicional daquilo em que as pessoas acreditam. Neste sentido, os defensores dos direitos animais são extremistas. De novo, deixe-me repetir: os DDAs realmente são extremistas, neste sentido. Eles realmente acreditam que é errado treinar animais selvagens a representar atos para o entretenimento humano, por exemplo. Mas, neste sentido, todo mundo é extremista. Por quê? Porque há algumas coisas às quais todos nós (espero) nos opomos sem restrições.
Por exemplo, todos que estão lendo estas palavras são extremistas, quando se trata de estupro; somos contra o estupro o tempo todo. Cada um de nós é um extremista quando se trata de abuso infantil; somos contra o abuso infantil o tempo todo. De fato, todos nós somos extremistas quando se trata de crueldade com os animais; nunca somos a favor disso.
A verdade pura e simples é que pontos de vista extremos são, às vezes, pontos de vista corretos. Assim, o fato de nós sermos extremistas, no sentido de termos crenças incondicionais a respeito do que seja certo ou errado, não oferece, por sí só, razão para se pensar que estejamos errados. Então a questão a ser examinada não é: "Os DDAs são extremistas?" A questão é: "Eles estão certos?" Como veremos, esta pergunta quase nunca é feita, e, menos ainda, respondida adequadamente. Uma conspiração entre a mídia e alguns fortes interesses se encarrega disso.

Fonte: Época

Isso tem que acabar #odeioRodeio


Hoje no Twitter acontece a campanha contra a crueldade nos rodeios.  Todos que são contra essa atrocidade, devem colocar a "hashtag"  #odeioRodeio  no seu tweet!

21/08/2011 - 10h55
Bezerro é sacrificado após prova na arena de Barretos

ANA SOUSA




Na prova de bulldog (imobilização de bezerros), válida pelas finais da ANB (Associação Nacional de Bulldog), um animal teve de ser retirado da arena carregado após ser derrubado. O bezerro caiu e ficou imóvel na arena ao ser derrubado pelo bulldogueiro Cesar Brosco.
Como não se levantava após a queda, o bezerro precisou ser carregado na carroceria de um veículo.

Na noite de sexta, membros da organização da festa não se entenderam sobre o destino do bicho. O veterinário Marcos Sampaio de Almeida, de Os Independentes, dizia que o bezerro foi levado para uma ambulância veterinária e passava bem.
Mas Orivaldo Tenório de Vasconcelos, diretor do Ecoa (Centro de Estudos de Comportamento Animal), ligado à organização do evento, dizia --ainda na sexta-feira-- que havia a suspeita de que o bezerro tivesse sofrido uma fratura na coluna cervical.
"Percebi que ele tinha perdido o reflexo das patas e pedi para sacrificá-lo. Vou necropsiá-lo para saber a verdadeira causa da morte", afirmou o diretor.
Já no sábado, Vasconcelos confirmou a morte e disse que a necropsia constatou que o bezerro havia sofrido uma lesão nas vértebras e, por isso, havia ficado tetraplégico. Diante da situação, o bezerro foi sacrificado.
Vasconcelos disse que essa foi a segunda vez que ele viu um acidente do tipo ocorrer durante toda a sua carreira.
No bulldog, o peão tem de imobilizar o bezerro com as mãos, sem o uso de nenhum equipamento, e derrubá-lo.

Fonte: FSP

domingo, 21 de agosto de 2011

Ameaça às espécies: a vida não deveria ter preço

Belo Monte, uma tragédia para os animais
14 de fevereiro de 2011
A médica veterinária Fernanda Vinci fala sobre o resgate de animais quando do enchimento de reservatórios para a construção de hidrelétricas. Fernanda conta sua própria experiência em um desses empreendimentos e afirma que não há uma política de proteção da fauna nessas ocasiões, não há um planejamento para o salvamento e o encaminhamento dos espécimes recolhidos que, em sua maioria, são encaminhados para a pesquisa ou enviados para as mãos dos taxidermistas.
Nesse momento em que se fala sobre a construção de Belo Monte, com a formação de um lago de 600 km2, sobre área de mata virgem e de altíssima riqueza de biodiversidade, a pergunta retorna: qual será o destino dos animais (centenas de espécies, milhares de espécimes) que habitam a área a ser alagada?
Ouça a entrevista dada ao programa Amazônia Brasileira, apresentado por Beth Begonha na Rádio Nacional da Amazônia: http://bit.ly/edyVAP

ANDA

Novo vídeo da WEEAC Brasil



E o primeiro vídeo é este:

sábado, 20 de agosto de 2011

O abuso de animais na ciência chega próximo ao fim

Anvisa e INCQS: parceria contra uso de animais
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vai instituir cooperação com o Centro Brasileiro de Validação de Métodos Alternativos (Bracvam),  ligado ao INCQS, para excluir animais em pesquisas
Os diretores da Anvisa aprovaram a proposta de instituir uma cooperação com o Centro Brasileiro de Validação de Métodos Alternativos (Bracvam), ligado ao Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS-Fiocruz). A decisão foi tomada na tarde desta terça-feira (9/8), durante a reunião da Diretoria Colegiada.
O Bracvam é o primeiro centro da América do Sul a desenvolver métodos alternativos de validação de pesquisa que não utilizam animais na fase de testes. Muitos países já proíbem a produção e a importação de produtos desenvolvidos com testes em cobaias.
A União Europeia, desde 2004, rejeita a prática de utilizar cobaias em linhas de desenvolvimento de artigos direcionados ao mercado da beleza. Preocupados com essa tendência, algumas indústrias no Brasil têm investimentos para abolir teste com animais na produção de cosméticos.Ao lado da questão ética do sofrimento das cobaias, as pesquisas que utilizam animais são vistas como menos refinadas do ponto de vista técnico científico, como explicou a diretora de Ensino do INCQS, Isabella Delgado, durante sua exposição sobre o Bracvam na Anvisa.“Buscamos mais avanço técnico, resultados mais confiáveis, menos susceptíveis a erros, de menor custo e de mais fácil difusão em outros países”, disse Isabella Delgado. “Encontramos 14 pesquisas de métodos alternativos no país e nossa ideia é reunirmos essa expertise, pesquisarmos juntos”.Segundo Eduardo Leal, diretor do INCQS, universidades públicas brasileiras e centros de produção de vacinas, como o Instituto Butantan e o Adolph Lutz, têm estudos para validação de métodos alternativos. “Com a Anvisa, vamos aproximar essa metodologia da regulação de produtos”.A diretoria da Anvisa se comprometeu a levar ao INCQS a proposta de formação de um comitê gestor na Agência para este projeto de cooperação ser implementado com o Bracvam no próximo mês de setembro.A agenda está marcada para a manhã do próximo dia 13 de setembro, na sede do INCQS, quando a reunião pública da Diretoria Colegiada da Anvisa será realizada na sede do Instituto, no Rio de Janeiro. A transferência da Dicol pública para o INCQS é uma homenagem prestada pela Agência aos 30 anos de existência do Instituto, comemorados com uma semana de atividades, entre os dias 12 e 16 de setembro.(matéria publicada no site da Anvisa por Ana Júlia Pinheiro)

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Cães na UNEB: um exemplo

Esta experiência na UNEB deveria servir de exemplo para a Unicamp, que atualmente retira todo e qualquer animal do campus e leva ao CCZ.

Os imortais e os animais



Muitos gênios da humanidade foram verdadeiros amantes dos animais e defensores de seus direitos.


Quem já não ouviu essa célebre frase de Leonardo da Vinci: “Chegará o dia em que os homens conhecerão o intimo dos animais e, nesse dia, um crime contra qualquer um deles será considerado um crime contra a humanidade”.


Abraham Lincoln, disse certa vez: “Não me interessa nenhuma religião cujos princípios não melhoram nem tomam em consideração as condições dos animais”. Este estadista é motivo de orgulho para a história americana.


O escritor francês, notabilizado na Literatura Universal, Victor Hugo, explica que a proteção dos animais faz parte da moral e da consciência dos povos. Com ele concordava Leon Tolstoi, escritor russo de notória importância “Maltratar animais demonstrar covardia e ignorância”.


Outro seria o destino dos animais se os governantes refletissem sobre os dizeres de A. Humbold: “A civilizaçãode um povo se avalia pela forma como trata seus animais”.


Governando com bases nos princípios do Budismo, Asoka, considerado o Rei dos Monarcas na Índia, demonstrou profunda paixão por todas as formas de vida. Um rei que renunciou à guerra, adotou uma política de pacifismo absoluto e que decretou o fim de sacrifício de animais e a construção de hospitais para tratar os animais feridos.


Pitágoras, que além de matemático e astrônomo foi também filósofo, nos ensina que enquanto o homem continuar a ser o destruidor impiedoso de seres vivos dos planos inferiores, não conhecerá nem a saúde nem a paz.


Enquanto os homens dizimarem os animais, matar-se-ão entre si. “Quem semeia a morte e a dor não pode, como efeito, colher a vida e o amor”.


Fonte: PetRede

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Altruismo entre os chimpanzés


Estudo revela que chimpanzés são animais altruístas
Segundo autores, a pesquisa contrasta com outras que apoiam a teoria de que o altruísmo evoluiu nos últimos seis milhões de anos, só depois que os homens se diferenciaram dos macacos
09 de agosto de 2011 | 8h 50

Segundo os autores do estudo, publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, a pesquisa contrasta com outras que apoiam a teoria de que o altruísmo evoluiu nos últimos seis milhões de anos, só depois que os homens se diferenciaram dos macacos.
"Este estudo confirma a natureza social dos chimpanzés com testes mais adaptados à espécie", disse um dos autores, o pesquisador Frans de Waal, do Yerkes National Primate Research Center.
Segundo De Waal, vários estudos anteriores deram um resultado oposto devido a alguns problemas como a complexidade dos mecanismos empregados para recompensar os chimpanzés e a distância existente entre os animais.
De Waal e outros pesquisadores simplificaram ao máximo a prova, apresentando aos animais um cubo com fichas de duas cores diferentes. Uma delas poderia ser trocada por um prêmio para ser compartilhado com o companheiro e o outro por um prêmio só para elas.
As sete fêmeas optaram pela primeira opção, sobretudo quando o parceiro se mostrava paciente, revela o estudo.
No entanto, eram mais reticentes a premiar os companheiros inquietos, que pediam a recompensa ou cuspiam água nelas, o que demonstra que seu altruísmo era espontâneo e não fruto de intimidação.
"Ficamos emocionados ao ver que as fêmeas escolheram a opção que proporcionava comida tanto para ela quanto para seu companheiro", afirmou Victoria Horner, outra autora do estudo.

Fonte: Estadão

Circo legal, não tem animal

Sem palhaçada na hora de respeitar os animais
Circo montado em Rio Preto traz modelo ‘ecologicamente correto’ com animais falsos, feitos com fibra e em tamanho natural, para seguir lei que proíbe bichos de verdade no picadeiro, que ainda oferece números tradicionais com trapezistas e acrobatas

Milena Aurea/Agência BOM DIA

O apresentador Guido Rangers, de 40 anos, ao lado do leão de mentirinha colocado na entrada do local onde o circo foi montado em Rio Preto











Agência BOM DIA
Para respeitar a lei que proíbe o uso de animais em apresentações circenses, o “Babilônia Circus”, montado em Rio Preto, encontrou uma forma inusitada de manter a apresentação ainda interessante.
Na entrada do circo, mais de 30 modelos de animais, em tamanho real feitos de fibra. Até os mais exóticos estão por lá, como camelos, alces, avestruz, leões e elefantes. Bicho de verdade mesmo no local, só Piririca, o cachorro que acompanha a trupe durante as viagens.
Para o apresentador do “maior espetáculo da terra”, Guido Rangers, 40 anos, as crianças ainda se impressionam com os bichos expostos na entrada, improvisada a céu aberto. “É interessante também por que há algumas crianças que não sabem como são esses animais e querem subir ou tirar fotos neles”, ri.
Ele conta que existiam muitos circos que maltratavam os animais usados e que a mudança foi boa. “Ainda há alguns que fazem escondidos, mas não pode”, ressalta Guido. O dinheiro que era investido nos mais é usado agora na produção do show. “Colocamos espelhos, iluminação e ainda escolhemos os melhores artistas de muitos circos”, diz.
O espetáculo conta com apresentações clássicas, como Globo da Morte, malabaristas, trapezistas, acrobatas, palhaços. Para Guido, que está na quinta geração de família circense e nasceu aprendendo as técnicas do arte circense, o circo nunca morre. “É a mais antiga de todas as artes. 
Enquanto existir o sorriso das crianças, ele será eterno”, afirma. Um desses motivos, conta ele, é por não haver a malícia que existe em outras formas de arte, como no cinema e na televisão. “O pai sai cansado e traz toda a família. Chega aqui, ele também volta a ser criança.”


Serviço
Nos últimos dias da temporada em Rio Preto, o “Babilônia Circus” (que deixa a cidade no dia 6) está instalado em terreno na avenida José Munia, ao lado Walmart. Os dias de apresentações são, de quarta a sexta-feira, às 20h30. Aos sábados, em duas sessões: às 18h30 e às 20h30. Nos domingos e feriados, são três sessões: 16h30, 18h30 e 20h30. Mais informações pelo (11) 8498-5122
80 funcionários trabalham no circo.

Fonte: Bom Dia

É assim que se faz um travesseiro de penas de ganso. Isso tem que acabar.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Tratamento igual entre humanos e animais


reportagem / animais
O novo dono da casa
Recentes descobertas científicas questionam a relação entre animal e homem. Em breve, seu bicho pode não ser mais “seu”
Guilherme Rosa

West Hollywood é uma espécie de paraíso democrata na costa oeste dos Estados Unidos. Com uma população composta majoritariamente por gays, artistas e celebridades, a cidade, que fica em Los Angeles, na Califórnia, sempre ditou as tendências do pensamento liberal no país. Foi, por exemplo, a primeira cidade americana a liberar a união civil entre duas pessoas do mesmo sexo. Desde fevereiro, West Hollywood também é pioneira na defesa dos direitos dos animais: foi aprovada uma lei que proíbe a venda de cães e gatos em pet shops, acabando com os criadouros. Antes disso, a cidade já proibia que se arrancassem as garras dos gatos e indicava que todo animal de estimação deveria ser chamado de “companheiro”, enquanto os donos seriam os “guardiões”. Tudo isso partindo de uma posição simples e cada vez mais difundida: os animais merecem ser tratados como gente. 

A humanização dos bichos parece ter vindo pra ficar. Cada vez mais somos levados a encarar nosso animal de estimação como parte da família, um parente próximo. No passado, os cruzamentos de cães eram feitos para selecionar características que os ajudassem na realização de tarefas como caça e proteção, mas ao longo dos tempos passamos a buscar traços de amabilidade e sociabilidade. Na busca de um melhor amigo cada vez melhor, não só humanizamos o cão como passamos a nos dar conta de que ele sempre foi um tiquinho homem. 

É o que comprovam as pesquisas de Marc Bekoff, professor de ecologia e biologia evolutiva da Universidade do Colorado. Seus estudos mostram que características consideradas exclusivamente humanas, como a capacidade de sentir emoções e de tomar decisões morais, estão espalhadas por todo o reino animal. “Os animais têm sentimentos complexos e profundos, como alegria, mágoa, vergonha, ressentimento, empatia e compaixão. Eles diferenciam o certo do errado e se sensibilizam pela dor e a alegria dos outros animais”, diz. 

Para Marc, o melhor exemplo disso está nas brincadeiras que vê seus cães fazendo em casa. Quando o maior e mais forte deles brinca com um mais fraco, ele controla sua força e não morde com tanta violência. Muitas vezes até se deixa dominar, para deixar o jogo mais equilibrado. “Sabemos que eles têm desejos, sentem dor e uma grande variedade de emoções. Isso significa que devemos tratá-los com respeito e compaixão. Temos que levar em conta o que eles são.” 

O sociólogo Roger Yates é um ativista de longa data, que chegou a ser preso por sua militância em prol dos animais na década de 80. Hoje em dia, ele faz parte de uma corrente que defende a instituição de direitos para os animais. “Eles têm o mesmo desejo de viver que a gente. Tendemos a pensar que o mundo nos pertence, que nos foi dado por Deus. Mas os outros seres têm tanto direito à vida na Terra quanto a gente. Devemos respeitá-los como possuidores de direitos.” 

As reivindicações de Yates vão ao encontro de ideias como as da neurocientista americana Lori Marino [veja artigo na pág. 87], que dão suporte a um tratamento mais igual entre humanos e bichos. A partir do estudo do comportamento de golfinhos, ela mostrou que não somos os únicos a nos reconhecer num espelho — eles também têm um senso de identidade. “Se comparado com o resto do corpo, o cérebro do golfinho é o segundo maior de toda a natureza. Eles também se mostraram capazes de se comunicar com humanos e responder às nossas perguntas. Nós é que ainda não conseguimos entendê-los.” 

Segundo Yates, o que nos impede de enxergar um golfinho e um homem como seres de igual valor é uma construção social chamada de especismo. “Valorizamos as vidas de formas diferentes. Desde crianças somos educados para colocar a espécie humana como a mais importante.” Mas, segundo Roger, existe um direito animal que não pode ser esquecido e que resume todos os outros: o direito a não ser uma propriedade. “Moralmente, não poderíamos ter um animal, nos colocarmos como seus donos.” 

Enquanto isso, um processo de habeas corpus que corre na justiça carioca chama a atenção para a questão da propriedade dos animais aqui no Brasil. O Great Apes Project (GAP), uma ONG que luta pelos direitos dos grandes primatas, está tentando tirar o chimpanzé Jimmy das mãos do zoológico de Niterói, onde ele vive sozinho num espaço de 110 metros quadrados. “Achamos que o habeas corpus se aplica ao Jimmy devido à sua característica praticamente humana. Eles são muito próximos a nós, têm direitos e não podem ser tratados como propriedade“, diz o cubano naturalizado brasileiro Pedro Ynterian, presidente do GAP.

O projeto costuma recuperar alguns primatas em situações de risco e, segundo Pedro, aqueles que vêm dos zoológicos são os que costumam estar em pior estado. “Eles não estão machucados fisicamente como os que vêm dos circos, mas mentalmente. E é mais difícil curar isso. Eles são completamente perturbados, querem se suicidar, se mutilam, não conseguem se relacionar com os outros chimpanzés — nem sexualmente.” 

Ao mesmo tempo em que os zoológicos começam a ser discutidos, uma polêmica antiga parece caminhar para uma solução. Cada vez mais a comunidade científica se nega a fazer testes com bichos, e o motivo passa longe de ser o bem-estar animal. 

Segundo Ray Greek, presidente da Americans for Medical Advancement (AFMA), os testes estão acabando porque são ineficazes. “Você não pode usar os animais para predizer a resposta humana a uma droga ou a uma doença. Na verdade, usá-los pode trazer pistas falsas. Fomos enganados pela reação dos macacos ao HIV e quase não produzimos a penicilina por causa desse tipo de teste”, diz. 

Em 1929, logo após descobrir as propriedades da penicilina, Alexander Fleming resolveu testá-la em coelhos. Como esses animais rapidamente excretam a substância na urina, não houve efeito algum. A pesquisa ficou abandonada por quase uma década. 

Ray Greek diz que mesmo algumas empresas farmacêuticas já estão abrindo mão desses testes, porque perceberam que podem ter perdido bons remédios que teriam rendido dinheiro. “O Instituto Nacional de Câncer dos EUA já disse que provavelmente a sociedade perdeu uma cura para o câncer porque essas drogas não reagiram bem em ratos”, diz. 


Direito dos animais é alvo de preconceitos, diz promotor


“Ainda existe preconceito quando se fala em direito dos animais. Muita gente, da área jurídica inclusive, não leva a questão a sério”, a opinião é do promotor de justiça, Laerte Fernando Levai, que atua na cidade de São José dos Campos (SP). Para ele esse preconceito é fruto de uma cultura tradicional antropocêntrica. Mas que lentamente está mudando, e passa a aceitar a inclusão dos animais na esfera das considerações morais humanas. Porém, Levai ressalta que a questão “não é apenas jurídica, mas, sobretudo, educacional”.

Laerte Fernando Levai, autor do livro “Direito dos Animais”, editado pela Editora Mantiqueira, também é elaborou uma tese jurídica que defende a criação de uma promotoria especializada na defesa animal, “capaz de estender a noção de direitos fundamentais para além dos homens. Isso certamente ajudaria a corrigir uma injustiça histórica que, há séculos, recai sobre os animais”. 

Existe uma campanha que defende a criação da Primeira Promotoria Especializada em Defesa Animal no Estado de São Paulo. Levai está confiante no êxito desta iniciativa que representa um “grande avanço moral estender o conceito de dignidade a outros seres capazes de sentir e de sofrer”. Veja a íntegra da entrevista que Laerte Fernando Levai concedeu ao Observatório Eco, com exclusividade.

Aqui, transcrevemos um trecho da entrevista:

Observatório Eco: Se a própria lei já admite que o Ministério Público deve zelar pela fauna, o que impede um tratamento mais eficiente no cumprimento dessa obrigação?

Laerte Fernando Levai:  Ainda existe preconceito quando se fala em direito dos animais. Muita gente, da área jurídica inclusive, não leva a questão a sério. Daí as dificuldades em obter alguma medida em favor dos animais, seja na esfera administrativa, seja no âmbito judiciário.

Isso, entretanto, não deve ser motivo de desânimo, pelo contrário, basta ver as lições da história para concluir que as lutas pela libertação sempre foram árduas e prolongadas.

Atualmente, há uma corrente doutrinária que defende a visão biocêntrica da natureza, o que significa conferir dignidade e direitos a outros seres vivos sensíveis, que não apenas da espécie humana.

Se o Ministério Público tivesse uma promotoria especializada na defesa animal, capaz de estender a noção de direitos fundamentais para além dos homens isso certamente ajudaria a corrigir uma injustiça histórica que, há séculos, recai sobre os animais. 

Observatório Eco: De que forma a criação da 1ª Promotoria de Defesa Animal do país, na cidade de São Paulo, pode garantir uma proteção eficaz para os animais?

Laerte Fernando Levai: Essa promotoria poderia fazer um trabalho revolucionário em defesa das criaturas sencientes vítimas de agressões, de intolerância ou da indiferença humana.

Contribuir para uma mudança de paradigma, a fim de que os animais sejam considerados em seu valor inerente, fins em si mesmos, não em função daquilo que porventura possam servir ao homem.

Devemos proteger o animal pelo que ele é, em sua dignidade e direitos, independentemente de seu valor instrumental.  Esta é proposta ética da promotoria de defesa animal.




sábado, 6 de agosto de 2011

Roubados pela Moda

Matar, não é a solução

Especialista em saúde pública diz que eutanásia em cães não protege humanos

As evidências científicas que preconizam a eutanásia em cães como forma de proteger os homens da leishmaniose visceral são frágeis e ambíguas, na opinião do médico e especialista em saúde pública tropical Carlos Henrique Nery Costa. De acordo com ele, a estratégia de eliminar cães não tem nenhum impacto sobre a saúde humana.

“Não adianta matar (cães) porque as pessoas não vão ter menos Calazar (leishmaniose) . Até compreendo a “boa intenção” do Ministério da Saúde (MS), mas não é ciência. O volume de contaminações não seria maior sem as eutanásias. Não existe uma única evidência de que tirar a vida de um cachorro protege as pessoas. Não tem nenhuma eficácia”, diz o médico. Até há cinco anos, ele era consultor do próprio MS para o programa de controle de leishmaniose.

Doutor em Saúde Pública Tropical pela Harvard University, ele atualmente é professor da Universidade Federal do Piauí, médico do Governo do Estado do Piauí e Coordenador Executivo da Rede Nordeste de Biotecnologia. Costa foi indicado como referência por vários membros de entidades de proteção animal de Bauru. Ele explica que a ideia da eutanásia começou há mais de seis décadas com um famoso cientista israelense (Adler).

“Ele tratou alguns cães na Palestina com as medicações disponíveis na época e não curou. Concluiu que o melhor jeito de controlar a doença era matar os bichinhos. Logo em seguida, começou o regime comunista na China, onde a situação era deplorável do ponto de vista geral, inclusive de Calazar (leishmaniose) . Decidiram então atacar o Calazar”, informa. Na época, trabalharam em três frentes: trataram em massa as pessoas, mataram cães em algumas áreas e usaram inseticida extensivamente.

O DDT era utilizado nas paredes das casas, informa o médico. O país contava na ocasião com dois tipos de leishmaniose visceral. A zoonótica (que atinge homens e animais – trata-se da encontrada no Brasil) e a antroponótica (só infecta seres humanos). “Quando começaram esse programa quase acabaram com o Calazar, mas principalmente nas áreas de transmissão entre pessoas. O Calazar Zoonótico continua na China. Mas foi concluído que matar cachorro também era eficiente”, acrescenta.

Já no Brasil, a história das eutanásias começa com o cientista Joaquim Eduardo Alencar, no Ceará, explica o médico do Piauí. “Diante da grande quantidade de casos, ele começou a matar cães. Mas tem até um trabalho dele mostrando que nos distritos onde só fez matar cães, a doença continuou igual, até piorou um pouquinho. Mas nos municípios onde ele usou DDT, diminuiu bastante”, destaca.

Do ponto de vista teórico, com base em modelagem matemática, o elo mais frágil da transmissão da doença é o inseto, não o cão (reservatório) , enfatiza. “Porém, os inseticidas atuais, do modo como são utilizados, parece que não são eficientes. O que devemos reavaliar, voltar a estudar é o DDT, que é objeto de muita controvérsia”, conclui.

O Ministério da Saúde não segue as normas internacionais de consulta à comunidade científica, segundo o especialista em saúde pública tropical Carlos Henrique Nery Costa. De acordo com ele, qualquer recomendação concernente à saúde pública deve ter fundamentos científicos, conforme consta no Código Sanitário Internacional.

Para dispor de evidências científicas, o MS deveria encomendar oficialmente um texto de especialistas tanto no assunto quanto em revisão sistemática. “Ele (o especialista) escreve o texto e faz uma avaliação idônea, não enviesada da literatura. Feita a revisão, apresenta a um comitê de pessoas que lida na área e, então, é retirada uma conclusão. Se a medida deve ser tomada ou não”, explica.

Já o que foi feito em outubro do ano passado foi uma revisão bibliográfica, pondera o médico. Na ocasião, foram analisados periódicos científicos de circulação nacional e internacional, sendo que a conclusão reiterou a proibição do tratamento canino no País e a indicação de eutanásia para cães infectados. Segundo o texto elaborado pelo governo federal, os modelos de tratamento propostos atualmente podem levar a uma melhoria transitória do quadro clínico do cão, reduzindo os níveis de parasitas.

“Revisão sistemática é outra coisa. A redação tem uma série de critérios e exigências. Aquilo foi uma revisão bibliográfica que você pode fazer com quem você quiser. Como é comum que os autores tenham uma opinião formada anteriormente, portanto tenham uma afinidade maior com certas referências, a revisão bibliográfica simples não atende às exigências de uma representação idônea do pensamento científico”, finaliza.

A possibilidade de existirem outros transmissores da leishmaniose, além do ‘mosquito palha’, tem sido aventada por alguns especialistas. De acordo com Carlos Henrique Nery Costa, existem alguns estudos que também apontam como vetores um carrapato e outro inseto parecido com o ‘palha’.

“O que é cientificamente estabelecido, acordado, é o ‘mosquito palha’. Mas é possível sim que haja transmissão direta entre cães. Como um cão lambendo o outro, mordendo o outro, tendo relações sexuais. É possível, mas não sabemos a expansão disso. A pergunta que se coloca é a seguinte: de onde vêm os parasitas que infectam os insetos? Nos seres humanos, provavelmente do sangue. Já dos cães não temos certeza. Pode ser da pele, que está doente, como pode ser do sangue também”, afirma.

Costa diz não ter nada a favor especialmente dos cães. Mas acredita tratar-se de um animal que merece respeito e humanidade. “Não pode ser submetido a nada que ameace sua vida. Os cães não são seres moralmente insignificantes” , pondera.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Nosso material está disponível!

Nos ajude na divulgação: "Todos são bem vindos a ajudar na divulgação! Aqui, vamos disponibilizar todo o material oficial para você usar e espalhar por aí! Nosso L..."

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Animais silvestres estão mais próximos de humanos

Os animais silvestres vivem cada vez mais perto dos seres humanos porque a zona urbana se aproxima dos últimos fragmentos de mata virgem. A conclusão é de biólogos e pesquisadores da fauna brasileira do interior de São Paulo.
No eixo entre São Paulo, Jundiaí, Campinas e Piracicaba, os fragmentos de reserva de mata estão estrangulados. Os corredores ecológicos são escassos pela degradação ambiental, queimadas e avanço da faixa urbana, segundo a zootecnista e doutora em política ambiental Márcia Gonçalves Rodrigues, do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamiferos Carnivoros (CENAP/ICMBio) de Atibaia-SP.

"Nos últimos 20 anos, a região de Campinas teve uma expansão de sua ocupação territorial muito grande em comparação a outras regiões de São Paulo, o que acaba tornando mais comum cenas de bichos passeando praticamente dentro da cidade, afirma.
Segundo a pesquisadora, avanço do perímetro urbano em direção a áreas de mata virgem registra seu crescimento maior nos últimos 30 anos, o que comprova a necessidade de conservação das sobras de áreas e seus habitantes.
Na região de Campinas, há duas áreas de conservação com significativa presença de animais silvestres: a Mata de Santa Genebra, que ocupa uma extensão de 250 hectares, e o Matão de Cosmópolis, com 173 hectares.
Armadilha fotográfica 
Em uma área de 150 hectares no entorno da Refinaria do Planato (Replan), da Petrobras, em Paulinia, distante cerca de 20 km Campinas e a pouca distância de sítios e imóveis comerciais, biólogos estudam a constante presença de mamíferos, roedores, repteis e aves. Para descobrir as espécies do local, quantificar os indivíduos e depois sugerir uma forma de manutenção sem degradação, os pesquisadores utilizam a chamada armadilha fotográfica.

O equipamento detecta a presença de animais de difícil observação. Seu funcionamento é simples. O aparelho é formado por uma câmera fotográfica acondicionada a uma caixa protetora presa por um cadeado para impedir que seja desligada ou roubada.O registro da imagem é ativado por um sensor infravermelho de movimento e calor quando algum animal aproxima-se da armadilha. A tecnologia é semelhante a dos alarmes residenciais.
Onça parda
Quinze armadilhas fotográficas foram espalhadas e captaram imagens que mostram a vida animal sem interferência humana em locais próximos de onde vivem populações superiores a 1 milhão de habitantes. Em um registro no final de fevereiro, uma onça parda ou suçuarana corre atrás de uma capivara, uma de suas presas mais cobiçadas.
A zootecnista Marcia explica que, a partir da fotografia, é possível saber somente através das imagens qual a espécie de animal, sexo, idade, horário de caça, entre outros detalhes.

Nas estradas
Em setembro do ano passado, uma onça parda foi atropelada no km 70 da Rodovia Anhanguera, em Vinhedo. A ocorrência chamou a atenção e causou congestionamento. Uma faixa de uma das vias mais movimentas do Estado de São Paulo teve que ser fechada para os primeiros socorros à onça. Apesar dos ferimentos, o macho sobreviveu aos ferimentos. Ele acabou batizado de Anhanguera.
Durante todo o ano passado, a AutoBan, empresa que administra as rodovias Anhanguera e Bandeirantes, encontrou 76 animais em suas vias - pouco mais que o dobro do ano anterior, quando foram 36 animais recolhidos das pistas. Na última semana, após passarem mais de um mês sob os cuidados da Associação Mata Ciliar, em Jundiaí, um bicho-preguiça e um gavião carcará encontrados caídos nas duas rodovias foram devolvidos à natureza.
Fonte: Terra