sábado, 22 de outubro de 2011

Reforma no Bosque não trará benefícios aos animais


O zoológico do Bosque dos Jequitibás, em Campinas, está em reforma, mas não há motivos para celebrar. A obra não é fruto da boa vontade do governo municipal, preocupado com o bem-estar dos animais e com a população que frequenta o parque, muito pelo contrário. Essa reforma é fruto de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) do Ibama, de 2008, que obriga o zoológico a seguir certas regras, que não eram cumpridas. O local chegou a ser ameaçado de interdição pelo órgão federal e foi proibido de receber novos animais.

O que se vê hoje no Bosque são recintos pequenos e degradados (grades enferrujadas, paredes com infiltração, mato alto...). Também é possível presenciar uma verdadeira infestação por animais urbanos como ratos e pombas, que invadem as jaulas e se alimentam da mesma comida dos animais que estão em cativeiro, aumentando o risco de doenças e infecções. Além disso, a Prefeitura informou, através de seu website, que as reformas serão realizadas apenas no lago principal (que há anos sofre com vazamentos e grande quantidade de sujeira) e no recuo dos recintos, aumentando a distância entre os animais e os visitantes para 1,5 metro, como previsto pelo Ibama. Ou seja, a tal revitalização será apenas para o público e não para os animais.

O TAC prevê também que todos os animais sejam chipados e melhorias nos recintos sejam realizadas, mas isso não foi divulgado pela Prefeitura em nenhum momento. A Agência Notícia Animal tentou entrar em contato com o diretor do Departamento de Parques e Jardins (DPJ), Edson Roberto Navarrette. Duas entrevistas foram agendadas (o diretor não compareceu em nenhuma) e um email com as questões foi enviado, e nada.

Em várias visitas realizadas no local, também foi possível presenciar outros problemas e ficou claro que os quatro pilares do zoológico moderno (de acordo com a Sociedade de Zoológicos Brasileiros) não são cumpridos. Um zoológico deve trabalhar na busca da Educação (são poucas as placas informativas e todas estão em péssimo estado); Conservação (grades enferrujadas e furadas, excesso de musgo e umidade); Pesquisa (único “pilar” presente, graças ao incansável trabalho da bióloga e do veterinário, que se esforçam ao máximo para o bem-estar dos animais); e Lazer Educativo (um parque lotado de pombas e ratos não pode ser considerado um local de apropriado ao lazer).

Uma cidade rica, com mais de um milhão de habitantes e nem um pouco de interesse por parte do governo em cuidar dos animais e da educação da população, essa é a Campinas de hoje. A falta de interesse é tão grande, que o site oficial da Prefeitura, único meio de comunicação com dados sobre a revitalização, publica uma lista de animais do Bosque equivocada. Bom, essa mesma cidade exterminou capivaras que estavam em outro parque público e o local continua fechado para visitação e infestado de carrapatos, então realmente não dá para esperar muito. Pena que mais uma vez quem sofre são os animais.

Publicado no Notícia Animal.

2 comentários:

  1. Qual o motivo de se terem animais presos em parques ou zoológicos? Educação? Vai ensinar o que as pessoas então? Que não há problema em setenciar prisão perpetua a seres inocentes?
    Esse tipo de lugar não deveria existir!!!Temos que parar de achar que os animais estão aqui disponiveis as nossas vontades. Um lugar lindo de se visitar pela mata nativa praticamente intocada, mas deprimente pelos animais.

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  2. Alem de discordar de vocês e tb dos orgãos públicos, ainda credito que vocês gastam o seu tempo de forma inadequada, na minha visão seria muito mais bem gasto se fosse usado para LIBERTAR esses animais, e não apenas abrandar o seu sofrimento. Caso em algum momento vocês decidam tomar esse caminho, podem inclusive contar com o meu apoio!
    "A maior beleza que há na natureza é a liberdade."

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